Equipe:


Aurélio Giacomelli da Silva - Promotor de Justiça

Letícia Titon Figueira - Assistente de Promotoria

Ana Paula Rodrigues Steimbach - Assistente de Promotoria

Mallu Nunes - Estagiária de Direito

Giovana Lanznaster Cajueiro - Telefonista

Mário Jacinto de Morais Neto - Estagiário de Ensino Médio




quinta-feira, 9 de maio de 2013

TAC dos abrigos de Palhoça - monitorar, cuidar ou educar? Desabafo e esclarecimentos.


Quando assumi minhas atribuições como Promotor de Justiça da Infância e da Juventude de Palhoça, no dia 07 de outubro de 2010, passei a conhecer a realidade de nosso município.

Assim,  conheci os abrigos institucionais de Palhoça em péssimas condições e desde o início passei a exercer minhas funções, para que as casas que recebem crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade pudessem melhorar.

Muito se falou, e mal, dos Promotores de Justiça que me antecederam, no sentido de que eles pouco ou nada fizeram para melhoria dos abrigos. Não posso julgar, pois não me encontrava aqui nesses períodos. Só posso aquilatar que todos foram e são excelentes profissionais.

Pois bem. Arregacei as mangas. De início foi ajuizada uma ação civil pública contra o Município de Palhoça, para melhoria das condições das casas, de acordo com as restrições da Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros. A liminar foi concedida pelo Poder Judiciário.

Após isto, foram inúmeras reuniões, audiências, recomendações, orientações, visitas, inspeções, além do ajuizamento de ações judiciais contra ex-coordenadoras do abrigo por terem supostamente se omitido nos seus deveres de guardiãs dos infantes.

E os monitores...ou cuidadores...ou educadores sociais: foram algumas reuniões, sempre dentro do possível dando respaldo aos seus anseios, sabendo que eles ficam com as crianças e adolescentes por mais tempo em momentos de grande angústia.

E as audiências concentradas que foram implementadas? Nesses encontros mensais os profissionais do Poder Judiciário, do Ministério Público e do Serviço de Acolhimento Institucional passam o dia inteiro debatendo sobre todas as crianças e adolescentes acolhidos, com  o intuito de que sejam deliberadas soluções não só para que os abrigamentos sejam breves, mas também para que os  interesses dos infantes, durante o período de acolhimento, sejam garantidos.

Até que elaborei, para deliberação posterior, a minuta do TAC - Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta, pois apesar de todo o esforço anterior, a situação do Serviço de Acolhimento Institucional não mudava, pelo verdadeiro descaso do nosso Poder Público. 

Eu poderia impor as cláusulas deste acordo extrajudicial, mas na data da sua celebração, suas condições foram exaustivamente debatidas por vários representantes, sendo que inclusive havia representantes dos monitores do Abrigo Institucional Masculino de Palhoça nesta reunião, que durou cerca de quatro horas.

Agora, o que eu não posso identificar, até porque não tenho essa aptidão, é que um grupo ou categoria não possui organização suficiente para se fazer representar em determinada audiência. Aliás, em reunião posterior, a indignação dos monitores do abrigo institucional masculino de Palhoça se resumiu à presença de três deles. Sim, como promotor de justiça democrático que sou, reservei um horário para atender os monitores, para que se pudesse esclarecer sobre as cláusulas do TAC. E só três pessoas compareceram...

Mas o TAC está aí, em plena vigência, e o Município de Palhoça começou a cumpri-lo. A transferência cuidadosa e paulatina de crianças e/ou adolescentes do abrigo institucional misto para o masculino é uma decorrência lógica: 32 crianças em um abrigo e 17 no outro. O que fazer? Alguém tem outra solução até que seja implementado um terceiro abrigo? Concordo que essa não é a melhor solução, mas é uma medida essencial e urgente se olharmos para frente e agirmos com solidariedade, não como monitores, mas como educadores, como cuidadores, conscientizando-se que o sacrifício de todos valerá a pena em um horizonte bem próximo.

Não sou o dono da verdade, mas assumo publicamente minha responsabilidade sobre o TAC, assim como os demais compromissários deste acordo também o fazem.

Assim, repudio o anonimato daqueles que aqui comentam, criticam e sequer leram ou tiveram ciência completa sobre o TAC. Identifique-se e mostre que você é educador, cuidador e não monitor...

Repudio quem faz comentário informando que há diversas irregularidades no abrigo, que tem ciência disso e não denuncia. Essa negligência é gravíssima!

Repudio quem comentou neste blog e utilizou a expressão "deixar o Ministério Público feliz", uma falta de respeito não só contra mim, mas também contra uma Instituição que vem melhorando os rumos do nosso país corrupto, negligente, sujo e ingrato.

Repudio quem coloca que o abrigo masculino está abandonado. Pelo Ministério Público não! Há uma ação civil pública em andamento e houve uma audiência judicial recentemente tratando da sua situação com o Prefeito de Palhoça e com a Secretária de Assistência Social. O TAC, pensando-se a médio e longo prazo com certeza também beneficiará o abrigo masculino, a partir do momento em que ele permanecer com lotação menor, com a implementação do terceiro abrigo.

O trabalho aqui realizado, com erros e acertos, mas sem omissão, é para deixar felizes crianças e adolescentes, obrigação esta que decorre da Constituição Federal, do Estatuto da Criança e do Adolescente e do meu juramento quando assumi minhas atribuições como Promotor de Justiça no dia 13 de novembro de 1998. Falar ao contrário é ferir aquilo que acredito, aquilo pelo qual venho lutando há quinze anos.

Minha função não é a do Município de Palhoça. Minha função é fazer com que o Município de Palhoça, de forma prioritária, cumpra suas obrigações com nossas crianças e adolescentes. E estou fiscalizando muito tudo isso!

E por fim, continuo à disposição daqueles que quiserem vir até o Ministério Público se identificando, com coragem, criticando construtivamente minha atuação, que obviamente possui equívocos, mas sempre com a intenção de acertar em prol de crianças e adolescentes, não por sentimentalismo, por pena, mas porque essa é a minha única obrigação, com a consciência tranquila de que minhas decisões e ações são tomadas com ampla liberdade e independência funcional, princípio este maravilhoso, que se traduz em bênção para os representantes do Ministério Público, em um país de jeitinhos, de conchavos e de influências politiqueiras espúrias. 

Desta forma, se fará um serviço de acolhimento melhor, se fará um país melhor, não com monitoramento, mas com educação e cuidado.

AURÉLIO GIACOMELLI DA SILVA
PROMOTOR DE JUSTIÇA 

5 comentários:

  1. Com todo respeito, mas a questão maior sobre o assunto está sendo desviado. Não há como, neste momento de gestão, avaliar a participação ou não de funcionários, em reuniões , mesmo consideradas democráticas e legitimas, haja vista o "processo de perseguição" , quando não há um "enquadramento" no que está "estabelecido". Não vou entrar no merito e na importância quanto ao processo de participçaõ, e como este é importante na melhoria do serviço desenvolvido. Mas, a situação não se resume a participação ou não participação dos monitores, educadores, tias, e outras denominaçãoes ( aí já se observa como estes profissioanais ainda não possuem uma identificação no serviço, algo a ser trabalhado/reconghecidpo enquanto grupo/serviço e não apenas como categoria) . O que precisa ser discutido, são as prerrogativas do ECA e como estas crianças e adolescentes num processo já de exclusão social, vitimas , são acolhidas e quando o Estado não consegue assumir seu papel, busca alternativas , que de forma nenhhuma atendem as necessidades e direitos, ou seja, redireciona -os a um processo que não é condizente. O diagnóstico está aí exposto- superlotação ( além de situações metodologicas e de trabalho) . E não entrando na discussão sobre esta extensa demanda, e ela já aí exposta, o que deveria ocorrer é o Município fazer o que está precvisto, inclusive nas orientações técnicas - alugar um outro espaço. Não podemos, neste processo vitimizar apenas uma categoria, onde sabemso que muitos deles fazem o melhor, e a manifestação ou não ( ou como anonimo), não desmrece o trabalho executado. Portanto, com todo o respeito, e ainda avaliando que o MP possui o intuito de melhorar as condições postas, precisamos reavaliar a questão como algo mais complexo. Remanejar crianças ou adolescentes, é novamente "culpa-los" do que está aí posto pelo sistema.

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    1. Concordo com o que foi escrito. Quem conhece o Abrigo Masculino sabe que transformar o deposito em quato e tirar a equipe tecnica de sua sala para tambem transforma-la em quarto tb não vai resolver o problema de superlotação, até porque tb faltam banheiros lugares para as refeições etc. Sabemos que o MP tem sido muito atuante nas questões pertinentes ao Abrigo e se assim não o fosse as coisas estariam bem pior porque Palhoça entende Assistencia Social como caridade e não como direito do cidadão. Mas a Casa Masculina hoje ja sofre de superlotação, infelizmente a anos esse problema vem se arrastando. Temos que reavaliar essas medidas que estão sendo tomadas e o anonimato é a unica garantia que quem esta em estágio probatório tem de poder falar sem correr o risco de ser exonerado, até porque ameaças não faltam.

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    2. Realmente o foco esta sendo desviado e isso é muito perigoso, o MP nunca foi tão presente antes no que diz respeito aos Abrigos, sabemos do empenho do Dr. Aurélio no entanto, a discussão é a garantia de direitos. No dia 13.05.2013 haverá uma reunião onde sera informado aos educadores quem vai passar a morar naquele Abrigo Masculino, contrariando assim o próprio TAC que previa que todos seriam ouvidos. A casa que esta sendo alugada é bastante grande e comporta as crianças e adolescentes que ja são da mista o que falta é funcionários para garantir segurança e qualidade no serviço de atendimento, só que é mais facil para a Prefeitura superlotar as duas casas. Alugar um terceira tambem seria uma solução e mais uma vez vem o aumento de folha. Então o que temos de verdade é aceitar o que esta sendo colocado mesmo que isso não garanta o direito das crianças e adolescentes acolhidos.

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  2. Esse desabafo do senhor Promotor Aurélio Giacomelli é um tapa na cara de algumas pessoas, ou melhor dizendo sombras de pessoas que se escondem por trás do anonimato para criticar trabalhos que estão sendo realizados no Serviço de Acolhimento Institucional de Palhoça. Se o resultado ainda não é satisfatório tenho certeza absoluta que as intenções são as melhores possíveis, e antes que as sombras digam que de boa intenção o inferno tá cheio, digo eu que os primeiros passos de qualquer ação são os mais difíceis, porém necessários para que qualquer mudança seja feita. Ficar estacionado no tempo, plantado como vegetal esperando que alguém venha colher algum dia não está com nada. Temos que arregaçar a manga e ir à luta, para que o que é ruim agora melhore daqui há alguns anos, como está ocorrendo nesses quase dez anos que faço parte desse serviço (alguns monitores lembram muito bem tudo que passamos nesse tempo...)Tenho muitos defeitos mas com certeza a covardia do anonimato não é uma delas, nunca foi... Sempre fui da opinião de que se temos certeza absoluta que estamos certos em alguma coisa devemos dar a cara à tapa, mostrar o rosto, portar dignidade suficiente para deixar que o restante da humanidade saiba o que pensamos e possa noa apoiar ou repudiar. Desde que começaram as tais denúncias anônimas sempre me coloquei contra tudo o que é SEM NOME, SEM FACE, SEM IDENTIDADE, SEM DIGNIDADE, SEM CORAGEM e várias outras coisas que poderiam ser escritas aqui nesse espaço por um tempo indeterminado. Vamos parar de ir contra tudo e contra todos e nos unir para melhorar nossas vidas e dos próximos, semeando sentimentos bons que colheremos futuramente. Mesmo não concordando com algumas coisas que acontecem (ou deixam de acontecer) hoje em dia apoio e compartilho seu repúdio totalmente Senhor Aurélio Giacomelli.
    Ass.: GRACIÉLLE FRANCINE DAMASCENO PICCOLI

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  3. parabéns ao SR promotor Aurélio Giacomelli ; pois acompanho de perto a rotina de uma instituição também que acolhe crianças e adolescentes, e nossa luta vem sendo árdua tanto com judiciário quanto ao MP. cidade pequena e corriqueira , onde tudo gira em torno de interesse próprio.

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