Equipe:


Aurélio Giacomelli da Silva - Promotor de Justiça

Letícia Titon Figueira - Assistente de Promotoria

Ana Paula Rodrigues Steimbach - Assistente de Promotoria

Mallu Nunes - Estagiária de Direito

Giovana Lanznaster Cajueiro - Telefonista

Mário Jacinto de Morais Neto - Estagiário de Ensino Médio




quarta-feira, 23 de maio de 2012

Diário Catarinense - Abuso sexual - É preciso apoiar e acreditar no que as crianças relatam




Ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário conversou por telefone com a Agência RBS sobre a importância que o depoimento da apresentadora Xuxa, veiculado domingo no quadro O Que Vi da Vida, no Fantástico.
Maria do Rosário ressaltou que estudos mostram que a violência sexual produz dores psicológicas e citou o que considera três principais pontos da revelação da apresentadora:
- Em primeiro lugar, representou o que muitas pessoas já sofreram e nunca tiveram coragem de falar. Em segundo lugar, chamou a atenção para o fato de esse problema acontecer, muitas vezes, dentro da própria família ou na comunidade na qual a criança está inserida. E, em terceiro, acredito que o que ela pediu foi que as pessoas acreditem no que as crianças dizem. Isso é fundamental. Ela disse que não contou porque achava que não iriam acreditar nela e achariam que era culpada. As crianças precisam ter certeza de que os adultos vão acreditar nelas.
A ministra se disse muito sensibilizada com a revelação.
- Xuxa e eu trabalhamos juntas há muito tempo, ela é uma das principais colaboradoras do Disque 100. Ela representou muito bem as pessoas que ainda não tiveram coragem de falar. Gosto ainda mais dela por isso.
Maria do Rosário também salientou a importância da Lei Joanna Maranhão, que entrou em vigor na sexta-feira. A lei altera as regras sobre a prescrição do crime de pedofilia e também o estupro e o atentado violento ao pudor praticados contra crianças e adolescentes. Agora, a contagem de tempo para a prescrição só começa na data em que a vítima fizer 18 anos, caso o Ministério Público não tenha, antes, aberto ação penal contra o agressor. Até então, a prescrição era calculada a partir da data do crime. O entendimento é que, alcançada a maioridade, a vítima ganha condições de agir por conta própria.
A legislação leva o nome em homenagem à nadadora Joanna Maranhão, que denunciou os abusos a que foi submetida durante a infância por um treinador.
Na terra natal, não se fala em outra coisa
Em Santa Rosa (RS), terra natal da Xuxa, a entrevista exibida no Fantástico foi um dos principais assuntos ontem. Também causou alvoroço nas redes sociais. Muita gente se manifestou no Facebook e Twitter.
Entre os taxistas, a entrevista também foi assunto.
- Acho que se isso realmente aconteceu, é uma coisa muito grave e difícil pra ela - opina o taxista João Vanderlei.
Familiares de Xuxa que moram em Santa Rosa foram procurados, mas evitaram comentar sobre o assunto. Pela manhã, foi a própria apresentadora quem usou o Facebook para falar sobre o assunto.
 XUXA MENEGHEL
Postagem de ontem no Facebook
"Eu não me sinto muito bem falando mais desse assunto. Espero que vcs entendam e aceitem minha decisão. Eu não quero mais falar. Eu queria ajudar crianças que passam ou passaram pelo que eu passei, que elas falem, denunciem, não fiquem se sentindo culpadas."

Um crime silencioso

Como saber se uma criança foi vítima de abuso? Esta é uma pergunta que angustia os pais. De alguma forma, a criança sempre mostra, de algum modo, que passa por uma situação de abuso sexual. Isso pode ser pela fala ou por meio de sinais, como desenhos, utilização de um linguajar sexualizado impróprio para a idade, pesadelos e medos incomuns. Pode ser, também, através de sintomas físicos ou resistência para ver determinadas pessoas.
Geralmente, a criança se sente culpada e preocupa-se com as consequências da denúncia para si e para toda a família.
- Penso que toda forma de falar no assunto é importante, pois a criança e o adolescente se sentem encorajados a falar. Além da culpa que carrega, muitas vezes a vítima acaba se sentido na obrigação de "proteger" o abusador - observa Scheila Thomé, conselheira tutelar há seis anos em Florianópolis.
Além disso, recomenda, acolher a criança que sofre abuso é o primeiro passo para minimizar o impacto do problema.
Professores e profissionais de saúde também podem ajudar. Por estarem na ponta dos serviços de atendimento, médicos e enfermeiros podem identificar e notificar situações de violência sexual. Eles podem observar sinais que indiquem situação de negligência, agressões físicas ou abuso sexual e encaminhar os casos à rede de proteção local.
Da mesma forma, os professores também têm papel importante: o comportamento do aluno pode ser um indicador de que o estudante esteja sendo vítima de violência.
Outra dúvida frequente dos pais é se é possível orientar a criança sobre o que seria um abuso sexual.
Alguns especialistas consideram que aos cinco anos já é possível orientar a criança sobre a abordagem sexual imprópria por parte de adultos, colegas muito mais velhos ou pessoas próximas.



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