Uma das diretrizes do Estatuto da
Criança e do Adolescente é a municipalização do atendimento infantojuvenil, ou seja,
está definido que praticamente todas as políticas públicas desta área devem ser
implementadas, em regra, pelos Municípios e de forma complementar pelos Estados
e pela União.
Assim, após o advento da Lei n.
8.069/1990, os prefeitos e vereadores são grandes responsáveis pela proteção
das crianças e adolescentes de nossas cidades, por meio da definição de metas públicas
claras a este respeito.
Por esse motivo, as eleições que se avizinham, no dia
07 de outubro próximo, são essenciais para o futuro de nossas cidades, que
obrigatoriamente devem abranger as ações para que sejam resguardados os
interesses de nossas crianças e adolescentes.
Por isso, os eleitores devem avaliar
bem as propostas dos candidatos e verificar quem efetivamente se comprometeu a
dar prioridade para o atendimento preconizado na legislação antes citada, bem
como para toda a política de cunho social.
Mas alguns devem se perguntar:
será que é tão difícil administrar um município? Claro que sim! Os desafios são
enormes, mas há muitos exemplos simples em algumas cidades de programas que
efetivamente deram certo e por tal razão possuem índices favoráveis em esferas fundamentais
para a sociedade.
A última edição da Revista Época (veja aqui) trouxe vários desses exemplos, tanto em cidades com poucos habitantes, como em municípios
maiores em população. Então vejamos:
Área da educação:
- valorização dos professores, de acordo com
metas pré-estabelecidas;
- continuidade da gestão, havendo caso em que
a Secretária de Educação está no cargo há cerca de 12 anos, ou seja, a oposição
que assumiu verificou que o seu trabalho era de qualidade e a manteve no cargo.
A política ficou de lado em prol da qualidade do serviço público prestado;
- aulas de reforço escolar para
os alunos com dificuldade de aprendizado;
- políticas públicas específicas,
individualizadas, levando-se em conta a dificuldade de cada escola.
Área da saúde:
- investimento bem maior do que o
valor mínimo exigido constitucionalmente;
- valorização dos profissionais
da saúde;
- investimento efetivo na proteção
básica;
- implementação de exames mais
complexos e de especialidades médicas que seriam de obrigação do Estado, por
meio de parcerias e consórcios municipais e com o setor privado;
- trabalho em rede entre agentes
comunitários, enfermeiros e médicos;
- efetivação dos profissionais de
saúde (todos concursados).
É importante esclarecer que estas
ações, descritas na revista, já podem ter sido feitas em vários municípios ou
então não são aplicáveis à realidade de diversas cidades.
A intenção aqui é
apenas mostrar que com vontade política, com criatividade, com investimentos prioritários
nas áreas sociais e nas políticas relacionadas à criança e ao adolescente, sem
corrupção, sem desperdício de dinheiro público e com bom senso, muito se pode
fazer na seara dos direitos fundamentais.
Devemos chamar a atenção para a corrupção, uma praga que atrasa o desenvolvimento do Brasil! Ontem, no julgamento do caso conhecido como "Mensalão", o Ministro do STF Celso de Mello disse uma frase que deveria ecoar em todos os rincões brasileiros, pela sua profundidade e inteligência: "O alto custo da corrupção é pago pelo cidadão comum, que não pode pagar para ter serviços básicos".
Desta forma, os eleitores não
devem desperdiçar uma das formas mais importantes de controle social e de exercício
de cidadania: o voto consciente no candidato que se preocupa efetivamente com o amanhã de nossas cidades, ou seja, com as políticas públicas da infância e da
juventude e com todas as demais, que se referem à miséria que tanto assola nosso país.
Aurélio Giacomelli da Silva
Promotor de Justiça de Palhoça
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